A natureza dialógica da interacção verbal: análise conversacional de sequências narrativas em alguns textos literários do século XIX e XXI
Abstract
Abstract – The human communicative activity was always determined, over the centuries, by the use of conversational strategies that the interactants put in place in order to exchange information through illocutionary acts, characterized by various discursive and narrative sequences employed to get communicative purposes during the verbal interaction. Through the analysis of four dialogues extracted from two literary Portuguese language works of two different centuries, we demonstrate how the conversational structures of verbal exchanges have not changed over the time, despite the different schools and literary currents that have occurred since the medieval times until the contemporary era. The text chosen are taken from the novels A queda d'um anjo and Amor de perdição: memorias duma família of Camilo Castelo Branco (1825-1890) and from the contemporary work Não há coincidências of Margarida Rebelo Pinto: the choice of these extracts was not random, but taking into account the use of dialogue as a conversational technique, between characters, by these authors who use it in their fiction works in order to involve more actively the reader on the reported events.
Keywords: conversation analysis, illocutionary acts, narrative sequences, Camilo Castelo Branco, Margarida Rebelo Pinto.
Resumen - A actividade comunicativa humana sempre foi determinada, ao longo dos séculos, pelo uso de estratégias conversacionais que os interactantes põem em prática para trocar informações através de actos ilocutórios, caracterizados por várias sequências discursivas e narrativas empregadas conforme os fins comunicativos que os interactantes querem atingir durante a interacção verbal. Apresentando a análise de quatro diálogos extraídos de duas obras literárias em língua portuguesa pertencentes a dois séculos diferentes, vamos demonstrar como as estruturas conversacionais das trocas verbais não mudaram durante os séculos, apesar das diferentes escolas e correntes literárias que se sucederam desde a época medieval até à época contemporânea. Os trechos escolhidos que serão examinados neste artigo são tirados do romance A queda d'um anjo e Amor de perdição: memorias duma família de Camilo Castelo Branco (1825-1890) e da obra Não há coincidências da autora contemporânea Margarida Rebelo Pinto; a escolha destes excertos não foi casual, mas determinada pelo uso do diálogo como técnica conversacional entre as personagens por parte destes autores que fundamentam às próprias obras de ficção nas trocas conversacionais, envolvendo mais activamente o leitor nos acontecimentos relatados.
References
Adam J.M. 2001,En finir avec les types de textes, em Ballabriga, M. (Org.), Analyse des discours. Types et genres: Communication et interprétation, EUS, Toulouse.
Andorno C. 2009, Linguistica Testuale. Un’introduzione, Carocci, Roma.
Alfonzetti G. 2009, I complimenti nella conversazione, Editori Riuniti, Roma.
Almeida, C. A. 2008,O ‘envolvimento conversacional’ no momento de desenvolvimento de interacções verbais na rádio: sequências de actos ilocutórios e ‘estratégias de alinhamento’ em programas de rádio específicos, em Frota, Sónia &Santos, Ana Lúcia, Textos seleccionados. XXIII Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística, Évora, 1-3 de Outubro de 2007, Colibri, Lisboa, pp. 7-21.
Almeida, C. A. 2010, “(…) é um rapaz cheio de sorte, digo-lhe já (risos)”: o humor como estratégia discursiva de mitigação do conflito (potencial) em interacções verbais na rádio em Brito et al., Textos Seleccionados, XXV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística, APL, Porto, pp. 127-142.
Almeida, C. A. 2010, “se à sua imagem corresponder a beleza da sua voz, é fácil imaginar a razão pela qual não nos dá o sono nestas duas horas” (ouvinte do programa ‘Boa Noite’): a co-construção do sentido em programas de rádio nocturnos, em Ribeiro J. da Silva et al., Imagens da Cultura. Actas do VI Seminário Imagem da Cultura, Cultura das Imagens, Ebook, Edição Centro de Estudos das Migrações e Relações Interculturais – CEMRI – Universidade Aberta, Lisboa, pp. 122-130.
Austin J. L. 1962, How to do Things with words, Clarendon Press, Oxford.
Bakhtin M. 1993, Toward a Philosophy of the Act, University of Texas Press, Austin.
Bilmes J. 1988, Category and rule in Conversation Analysis, em “IPrA Papers in Pragmatics 2”, nº 1/2, pp. 25-59.
Branco, C. Castelo 1862, Amor de perdição: memorias d uma família, N. Moré, Porto.
Branco C. Castelo 1866, A queda d'um anjo, Imprensa de J,G. de Sousa Neves, Lisboa.
Cole P. & Morgan J. 1975, Syntax and semantics, in “Speech acts”, vol. 3, pp. 41-58.
Duarte, I. M. 2005, Falar claro a mentir, em Rio-Torto G. M. et al. (“eds”), Dar a Palavra à Língua - Homenagem a Mário Vilela, FLUP, Porto, pp. 291-299.
Duranti A. 2000, Antropologia del linguaggio, Maltemi, Roma.
Escandell Vidal M. 1996, Introducción a la pragmática, Ariel, Barcelona.
Faria I. H. et al.1996, Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, Editorial Caminho, Lisboa.
Fonseca J. 1992, Elogio do Sucesso: a força da palavra/o poder do discurso em Fonseca J., Linguística e texto/discurso teoria, descrição, aplicação, Ministério da Educação/Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, Lisboa, pp. 315-375.
Goffman E. 1955, On Face-Works: An analysis of ritual elements in social interaction, em“Psychiatry: Journal of Interpersonal Relations”, 18:3, pp. 213-231.
Goffman E. 1959, The Presentation of Self in Everyday Life, Doubleday, New York.
Goffman E. 1969, Strategic Interaction, University of Pennsylvania Press, Philadelphia.
Grice H. P. 1975, Logic and conversation, em Cole P. and Morgan J., Syntax and semantics,Academic Press, New York, vol. 3, pp. 41-58.
Gumperz J. 1980, The sociolinguistic basis of speech act theory, em “Versus, quaderni di studi semiotici”, 26/27, pp. 101-121.
Gumperz J. 1982, Discourse strategies, Cambridge University Press, Cambridge.
Gumperz J. 1989, Sociolinguistiqueinteractionnelle. Une approche interprétative, L’Harmattan, La Réunion.
Günther S. 2011, The Construction of Emotional Involvement in Everyday German Narratives - Interactive
Uses of ‘Dense Constructions, in “International Pragmatics Association. Pragmatics”,21:4, pp. 573-592.
Jacques F. 1983, La mise en communauté de l'énonciation, em “Langages”, nº. 70, vol. 18, pp. 47-71.
Kafetzi E. 2009, Aspects du dialogismeinterdiscursif et interlocutif dans le débatpolitiquetélévisé, em Mur C.(“ed.”), Polyphony and Intertextuality in Dialogue, Dialogue Analysis XII, Barcelona, pp. 34-43.
Kerbrat-Orecchioni C. 1986, “Nouvelle communication” et “analyseconversationelle”, em “Langue française”, n. 70, pp. 7-25.
Kerbrat-Orecchioni C. 1994, Rhétorique et Pragmatique: les figures revisitées, em “Langue française”, n. 101, pp. 57-71.
Lakoff R. 1990, Talking Power: The Politics of Language in Our Lives, HarperCollins, Glasgow.
Macaulay R. K. S. 1987, Polyphonic Monologues: quoted direct speech in oral narratives, in “IPRA Papers in Pragmatics 1”, nº 2, pp. 1-34.
Mariottini L. 2007, La cortesia, Carocci editore, Roma.
Marques M. A. 2008, Quando a cortesia é agressiva, em Oliveira F. & Duarte I. M. (“orgs.”), O Fascínio da Linguagem - Actas do Colóquio de Homenagem a Fernanda Irene Fonseca, Centro de Linguística da Universidade do Porto, Porto, pp. 277-296.
Mur C. (“ed.”) 2009, Polyphony and Intertextuality in Dialogue, Dialogue Analysis XII, Barcelona.
Pinto M. Rebelo 2009, Não há coincidências, Oficina do Livro, Alfragide.
Rawls A. 1987, The interaction order sui generis: Goffman's contribution to social theory em “Sociological theory”, vol. 5, Issue 2, pp. 136-199.
Saraiva A. & Lopes Ó. 2010, História da Literatura Portuguesa, Porto Editora, Porto.
Tzvetan T. 1990, Genres in discourse, Cambridge University Press, Cambridge.
Full Text: pdf
Refbacks
- There are currently no refbacks.